terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Corredor consegue completar duas provas na mesma manhã chuvosa

Após o feito, no RJ, Sergio passa a se sentir capaz de enfrentar desafios, sempre com muito preparado, disciplina e acima de tudo vontade de vencer

Por Paula Gabrielle Rio de Janeiro
Duas provas, um atleta. Sergio Pessoa, administrador de empresas e motorista de ônibus do centro da cidade, tem opinião formada sobre a melhor coisa a se fazer numa manhã de domingo: correr, claro. Carioca de 38 anos, não satisfeito em participar dos 5km do Desafio da Paz da Rocinha, foi para a disputa do Circuito do Sol, no Aterro do Flamengo, em dia de muita chuva no Rio de Janeiro.
Dose dupla sergio corrida de rua (Foto: Sergio Pessoa)Sergio mostra suas duas medalhas ao completar duas provas na mesma manhã (Foto: Sergio Pessoa)
A primeira etapa dessa maratona pessoal iniciou às 6h30m da manhã, na Gávea, quando Sergio foi buscar seu número e chip para correr na Rocinha. De lá, o corredor foi de ônibus ao Aterro do Flamengo para também pegar o chip do Circuito do Sol e completar sua primeira prova do dia. O atleta, para não perder tempo, deixou o guarda-volume de lado e correu os 5k do Circuito do Sol de mochila mesmo. Veja aqui o relato do início de sua dose dupla:

Larguei bem e sem forçar. Minha passada estava boa e minha maior preocupação, naquele momento, era de piorar ainda mais a gripe que eu carregava neste corpo desde a quarta-feira, por isso vetei o uso da camisetinha do evento e corri usando casaco de moleton e outra camisa por cima. As dores que eu tinha nas pernas, devido a ultima corrida que fiz na Rocinha de Braços Abertos, no domingo anterior, já não me incomodavam mais, e, a cada passada, me sentia mais firme. A chuva aumentou de intensidade de tal forma que assustava. E o frio vinha acompanhado e mesmo vestido com um casaco de moleton, não fazia o efeito de me aquecer, pois já estava totalmente encharcado. No ultimo retorno, e com muito frio, a vontade de urinar era tão grande que parecia que minha bexiga ia explodir. Era um incentivo a mais para ir mais rápido, e, já nos quelômetros finais, a chuva diminuía de intensidade. Percebi na chegada, olhando o cronometro da organização, que este frio foi uma ajuda muito grande para eu baixar o meu tempo, pois como não uso relógio, posso ter feito abaixo dos 25 minutos os meus 5K.
circuito do sol sergio corrida de rua (Foto: Sergio Pessoa)Sergio completa sua primeira prova do dia, Circuito
do Sol (Foto: Sergio Pessoa)
Sergio cruzou a linha de chegada encharcado, porém o mais importante é que ele estava inteiro e sem dores para a próxima competição. Ao pegar a sua medalha e sua garrafa de isotônico, o administrador não quis saber de outra coisa a não ser voar até o banheiro. Depois disso, pôde pensar melhor. Chegou ao ponto de ônibus as 8h34m e subiu, ansioso, no ônibus para a Rocinha.
A chuva já tinha parado a essa hora e, mesmo com o transito bom, o ônibus trafegava devagar. Aproveitei para tirar o número da Corrida do Circuito do Sol e colocar o numero com chip da Corrida Pela Paz da Rocinha, tomar meu isotônico e um carboidrato em gel e ficar em pé, atrás do ônibus, fazendo alongamentos. Mas mesmo com o ônibus lento, chego a Praça Santos Dumont as 9h04m e nem deu pra começar pelo porte de largada, pois um grande caminhão baú já ocupava o local, pois a desmontagem já começava. Comecei minha corrida sem ter como marcar o meu tempo. Não chovia mais e, pra não me perder durante a corrida, eu ia avistando corredores que já tinham concluído a prova, perguntando se eu estava no caminho certo, todos me orientavam com cara de espanto. Continuava a me encontrar com outros corredores que já tinham concluído a prova e retornavam correndo. A subida ficava cada vez mais salgada e, em alguns momentos, eu dava uma caminhada, tirava umas fotos e depois voltava a correr. No posto de hidratação do km 3, encontro vários corredores que me oferecem água e me incentivam a continuar. A subida continuava e parecia não ter fim. Já dentro da comunidade, um pouco antes da placa do km 4, começa a descida. Era hora de dar um gás. Acelerei para não perder mais tempo do que eu já tinha perdido.
rocinha sergio corrida de rua (Foto: Sergio Pessoa)O corredor no Desafio da Paz da Rocinha
(Foto: Sergio Pessoa)
Em dois momentos, Sergio não resistiu e parou para tirar umas fotos. Por pouco, não passou direto da linha de chegada, mas os moradores da comunidade, superenvolvidos com o evento, orientaram-no com gritos de “é pra lá, é pra lá”.
Cheguei empolgadão mesmo sem tempo registrado. Procurei a organização para pegar a medalha de participação. Todos ficaram desconfiados por não acreditarem que eu tinha chegado naquele momento. Um homem, que parecia ser chefe da segurança do evento, tinha me avistado no momento em que eu corria e através dele peguei minha medalha. Com duas medalhas no peito, me encontrei com meus amigos que são corredores da Rocinha. Eles me parabenizaram pelo feito, que considero parte do meu preparo para encarar a minha primeira meia maratona no Rio de Janeiro. Esse feito foi o meu presente de aniversário de 38 anos, que completei no dia 27 de janeiro. Após tudo isso, me senti realizado, que sou capaz de enfrentar desafios até o final, sempre com muito preparado, disciplina e acima de tudo vontade de vencer.

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